Falecimento de pessoas mortas

Todos os meus amigos da infância e da adolescência morreram. Bem, na verdade não sei se todos morreram, mesmo. Que eu saiba só um morreu, um dos melhores que tive, acidente de moto, sem capacete, o desgraçado. Os outros eu não sei. É que as coisas vão mudando e os laços desaparecendo. Mudei para longe de onde cresci e nunca mais voltei. Os amores do passado, os amigos, colegas e desafetos ficaram para trás, escondidos no infinito, lá onde as paralelas se cruzam. Por isso é como se tivessem morrido. Volta e meia um deles ressucita, mas morre em seguida, sempre dizendo "a gente precisa se ver mais..." na hora fatal. Vários parentes são mortos-vivos - aparecem vez em quando. Triste, but true. Infelizmente isto vai acontecer com algumas pessoas que estou conhecendo nesta fase de minha vida, e isto dói um pouco. Merda, isto dói muito. Mas o carinho que lhes ofereço é genuíno, desinteressado e eterno, enqüanto durar. Me desculpem se eu me suicidar para alguns de vocês. Raramente isto acontece por minha vontade, e sim por falta de atenção de minha parte mesmo. Um choque no peito me trará à vida novamente. E não hesitem em se matar (metaforicamente, pelo amor de Deus!) se não quiserem mais minha companhia. Já aprendi a curar estas feridas e viver com a dor que elas causam.

Engraçado (triste) que comecei a pensar nisso por causa de uma pessoa que nem era minha amiga. Na verdade ela nem sabia de minha existência. Eu já tinha matado Ronald Reagan há muito tempo, bem antes deste fim de semana.

Jokerman dance to the nightingale tune, bird fly high by the light of the moon, oh, oh, oh, Jokerman.