Agora

Eu não sabia o que escrever para vocês, mas lembrei que eu venho aqui é escrever para mim. É, sou egoísta. E vocês devem ser masoquistas para vir aqui. Mas vou escrever para mim que faz um bom tempo que duas coisas me interessam muito: o agora e a morte. Agora é agora. Sim, agora! Esse exato instante em que seus olhos passam por estas letras e seu cérebro interpreta estas letras como palavras agrupadas numa frase que quase faz sentido. Agora é uma coisa tão pequena! Uma reta é composta por um número infinito de pontos. Uma vida é composta por um número infinito de "agoras". Um ponto não tem dimensão. Um "agora" também não. Você perdeu muitos "agoras" lendo este texto. Devia usar melhor seu estoque.

E a morte, hein? A longo prazo estaremos todos mortos, como disse alguém. O último grande evento de todo mundo. O primeiro dia de aula, o dia em que as letras passaram a formar palavras, a primeira comunhão, o primeiro beijo, o primeiro emprego, a primeira transa, o primeiro filho, ... Tanta coisa que dá um frio na barriga antes de acontecer só de pensar. Aí tem a primeira morte. E aí não tem mais agora. Será que tem depois? Agora eu acho que não.

Ao persistirem os sintomas providenciar o óbolo de Caronte

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