Pedras sem musgo - dia 27/09/2006

Antes de ir de novo ao hospital perguntei se eles fariam o ultrassom, se necessário. Disseram que não, então fui até lá apenas com a intenção de ser medicado e seguir a outro hospital - mais distante - que me atendesse. Acontece que como o caso era de emergência o exame poderia ser liberado, o que a atendente não havia dito.

Ok, mas antes do ultrassom veio a medicassom. Na espera reparei numa moça fazendo a típica dança dos agraciados com pérolas nos rins: mãos nas costas, carinha de quem tá detestando demais, lágrimas e nenhuma posição possível que ajude a minimizar a dor. Mais tarde, depois de medicados, conversamos sobre nosso infortúnio e ela confirmou o que a sabedoria popular diz e o que a Claudia Lyra (olá, tudo bem, você vem sempre aqui?) comentou no post abaixo: ela teve um filho, e a dor do parto é menor. Então era isso: meu lado feminino e maternal resolveu se manifestar.

- O ultrassom mostra uma pedra preta no pé de Pedro presa no ureter esquerdo. Vamos ter que te internar.

Nunca fui internado pra nada. Assustei-me e resolvi tentar antes outra opinião com outro urologista, mas não dava pra esperar tanto tempo, a dor ia voltar daqui a pouco e não ia passar só de conversar com outro médico. Aí consultei minha empresa, que consultou o plano de saúde, que disse que liberaria minha internação no hospital onde fiz o ultrassom de emergência, o Beneficência Portuguesa de Santo André. Voltei pra lá e disse pro médico: resolvi aceitar seu convite e me hospedar aqui. Duas horas e mais um Buscopan na veia depois fui encaminhado ao quarto number nine, number nine, number nine... Liga não, é que no domingo anterior tinha visto uma apresentação do grupo Beatles 4ever em São Caetano do Sul.

Deixa eu mais ou menos descrever o que é uma aplicação de Buscopan no pronto socorro. A enfermeira tem que achar uma veia na minha mão (elas sempre dizem que dói mais, mas eu insisto que dói menos) e deixar uma bisnaga (é bisnaga mesmo?) de soro com o medicamento escoando vagarosamente para dentro do meu corpo. O alívio é quase imediato. Só que a enfermeira errou na velocidade naquela tarde e em menos de 15 minutos tinha acabado tudo. Foi a primeira da dúzia de vezes durante a internação que senti os efeitos colaterais: boca seca, taquicardia, ansiedade, bobeira, tontura... O preço de não sentir dor.

Depois da burocracia um enfermeiro me conduziu por corredores intermináveis e coloridos. Sério, parecia cenário de filme. Pensei que seria ótimo morrer ali e passear por aqueles corredores antes de entrar no túnel de luz branca depois do filminho "Esta foi a sua vida". Enfim, cheguei ainda vivo ao quarto, que tinha duas camas para enfermos, e infelizmente um deles seria eu. Estranhei, pois meu plano de saúde indica apartamento para mim, mas o enfermeiro disse que se meu plano era asim o quarto seria mesmo só para mim. Mais buscopan na veia, mais taquicardia, mais tontura, mais angústia e sono.

Tá grande, tá chato, mas continua amanhã.

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