Histórias de Vovô Pedro

Sou filho de Pernambucanos.

Ele nasceu e cresceu no sítio Maniçoba, a quarenta minutos a pé do sítio Boqueirão, onde ela nasceu e foi criada. Conheceram-se em alguma festa popular no Alto de São Francisco, minúsculo município da zona do agreste de Pernambuco. Ele a trouxe para São Paulo comigo em seu ventre. Nasci em num hospital público em São Caetano do Sul, município de melhor qualidade de vida do Brasil. A eles dedico as lágrimas que derramo agora.

Pois bem, voltemos ao assunto do título do post. Vovô Pedro, pai de minha mãe, hoje tem 96 anos. Foi um grande benzedor na região. Para quem não sabe benzedor é uma espécie de feiticeiro, um curandeiro a quem o povo humilde e sem recursos do sertão recorre para curar doenças, arranjar marido, curar olho-de-peixe, matar bicha de criança (curar verminoses, engraçadinho) e operar pequenos milagres. Ele ganhou muito dinheiro e coisas como galinhas, porcos, mantimentos. Porquê cobrava para pôr em prática um dom que Deus lhe deu será assunto para outra história.

Infelizmente a idade trouxe uma companhia desagradável: a esclerose. Ele se lembra perfeitamente de fatos da juventude, mas não se lembra do que aconteceu há cinco minutos. Parou de intermediar os santos, nosso Padim Padim Cisso e nosso Senhô Jesus Cristo há pelo menos cinco anos. O que vou relatar agora aconteceu perto de sua aposentadoria como benzedor.

Uma prima estava de visita a seus pais, que ainda moram por lá. Na volta a São Paulo pediu a vovô Pedro uma reza para que a viagem de volta fosse tranqüila. Lá estava ele, rezando com um raminho de erva-não-sei-do-quê nas mãos: - Pai Nosss nhemnhemnhem Santificadosejanhonhom... (a reza é numa língua quase igual ao Português).


O final da crônica foi cortado. Desculpem. Deixo meu desabafo por este fato aqui.

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